Espetacular. Sensacional. Extraordinário. Esses foram apenas alguns dos adjetivos usados para descrever o jogão da terça-feira, 14 de abril, entre Chelsea e Liverpool. A emoção foi tanta que precisei de quase duas semanas para meu coração desacelerar e, assim, poder voltar a escrever. Quem viu o jogo, sabe do que estou falando.
Depois dos 3 a 1 sofridos pelo Liverpool no jogo anterior era de se esperar que eles viessem para Londres afiados para tentar o que parecia impossível – marcar 3 gols em Stanford Bridge, casa do Chelsea. O placar de 2 a 0, mesmo igualando o placar agregado, não seria o bastante para o Liverpool (lembrem-se que gol fora de casa vale mais, e o Chelsea havia marcado 3); 3 a 1 Liverpool levaria o jogo para a prorrogação e para os pênaltis (caso o placar permanecesse inalterado nos 30 minutos do tempo extra); qualquer placar acima disso, com diferença de dois gols a favor dos Reds tiraria o Chelsea da semifinal.
Eu sou uma pessimista de carteirinha... Sempre penso no pior. Não há vantagem que me pareça boa o bastante, especialmente no futebol, em que tudo é possível. O primeiro tempo começou e o Chelsea simplesmente não entrou em campo. Não me entendam mal... Os uniformes azuis estavam lá, fazendo contraste com a grama verde e o vermelho do Liverpool. Mas fora as camisetas e os calções azuis o Chelsea do primeiro tempo em nada recordava aquele time lutador, agressivo e determinado da quarta-feira, 8 de abril.
A apatia do Chelsea era tão grande que a cada minuto minha carga de energia negativa só fazia aumentar e eu continuava a pensar no pior... Meus temores começaram a se concretizar quando, aos 19 minutos, Fábio Aurélio, em cobrança de falta, abriu o placar. Aos 28 minutos, minha espinha gelou. Xavi Alonso sofreu pênalti e converteu a cobrança – 2 a 0 Liverpool. A partir de então eu só pedia que o Chelsea não levasse o terceiro gol... no primeiro tempo. O final dos 45 minutos foi dramático! Não queiram que eu vá me lembrar de detalhes, afinal, já fazem duas semanas! Só sei que os Reds não marcaram o terceiro por falta de sorte.
O intervalo veio e eu fiquei imóvel, estática, no sofá, imaginando as surpresas que o segundo tempo traria. Só me mexi quando o telefone tocou aos 3 minutos da etapa final. Era minha prima, Marila. O telefone já estava no sofá, ao meu lado, então nem deu trabalho para responder. Nem lembro se ela tava ligando pra dizer um oi ou para perguntar como eu estava, só sei que a ligação deu sorte! Em nove minutos de bate-papo, gritei gol 3 vezes. O primeiro grito foi alarme falso, já os outros dois... Drogba, aos 6 minutos, diminuiu e Alex, aos 12, empatou para o Chelsea. Um pouco mais surda, Marila desligou o telefone.
Aos 31 minutos, com a virada, foi a minha vez de usar o telefone. Feliz, disquei o número de meu pai para comemorar. Mas ainda era cedo. Minutos depois, aos 36 com Lucas e aos 38 com Kuyt, foi a vez do Liverpool virar. Chelsea 3x4 Liverpool. O impossível parecia estar cada vez mais próximo e a minha veia pessimista voltou a pulsar... Liguei para meu pai mais uma vez. “Não é possível”, disse ele. Mas foi ele mesmo quem me ensinou que no futebol tudo é possível. E quando o Liverpool voltou a acreditar, Lampard marcou o gol de empate, aos 44 minutos. Não havia mais tempo para os Reds. O gesto de Drogba que pode ser traduzido como “encerrado” deixou isso bem claro.
Hoje é dia de Barcelona x Chelsea. Será que vão sobrar unhas para contar história?
Vitória X Democracia
Há 14 anos