quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

O Jazz e o Brega

Meu iTunes classificou Amado Batista como Jazz. Sim. Eu tenho Amado Batista no meu iTunes. E ele não foi parar lá por acidente não. Se você pegar uma carona comigo é capaz de ouvir os tunes do álbum É O Show estourando nas caixas de som. O cara vende mais CD no Brasil do que Roberto Carlos. Merece ser prestigiado.

Cheguei à conclusão de que todo mundo tem um lado brega. Ao empregar o termo brega englobo outros gêneros musicais, se é que podem ser chamados assim, merecedores do título. Afinal, quem já não musicou a palavra “Garçom”...? Em algum momento da vida creio que todos nós já embalamos o corpo e jogamos as mãozinhas para o ar com algum sucesso de Reginaldo Rossi, Wando ou Amado Batista, para citar algumas figuras. Ih... Quase ia me esquecendo de Falcão.

A linguagem simples empregada nessas canções fala diretamente com o povo e traduz nosso lado mais romântico, cômico, escrachado e, por que não, ridículo. Por isso fazem tanto sucesso com o público que, com uma cerveja na mão e outras tantas na cabeça, se embalam ao som da melodia, soltam o gogó e repetem refrões como “meu iaia, meu ioio”.

Vivemos num sistema classisista que mais se assemelha à uma ditadura. Para nos enquadrar à classe social à qual pertencemos, somos ensinados a nos vestir de certa maneira, a frequentar certos lugares, a andar com certas pessoas e a ouvir certo tipo de música. Mas a escolha final é nossa. Não existe música certa ou errada.

No meu caso, quando ouço uma música e canto desafinada, é quando me sinto mais livre. Não vou deixar que classes sociais, gêneros musicais, classificação do iTunes, nem o português me impeçam de prestigiar a variedade e riqueza de ritmos que o Brasil oferece, capaz de agradar uma população de paulistas e nordestinos, gaúchos e cariocas. Enfim, 190 milhões de pessoas que cantam e dançam conforme a música.

Eu já corrigi o iTunes. Artista: Amado Batista. Gênero: Brega.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Debaixo dos Caracóis...

Hoje, estava penteando minhas madeixas quando, em meio a meus cachos negros, percebi um fio destoante – um cabelo branco. Não foi a primeira vez que tive essa ingrata surpresa. Já havia sofrido um episódio semelhante aos 19 anos, mas naquela idade tão tenra era fato isolado e despertou em mim mais surpresa e indignação do que preocupação. Dessa feita, a história foi diferente e a reação, apesar de menos histérica, veio da constatação de que a idade está chegando para mim também.

A gente tem mania de achar que só pai e mãe ficam velhos e rimos quando eles se desesperam cada vez que mudam de casa decimal. O engraçado é que, à medida que vamos crescendo, começamos a empurrar aquela linha do que julgamos ser “velho” para a frente. De repente, 40 não parece ser tão mal assim... Tudo bem... Eu sei que sou jovem e que tenho a vida toda pela frente, mas quando penso que na próxima Copa faço 30 dá aquele desconforto por dentro. Não sei se torço para que chegue logo 2014 ou para que os anos se arrastem até lá. Talvez seja hora de começar a mentir a idade. Afinal, se vão me acreditar, é melhor que eu comece cedo!

A vida é tão corrida, as semanas e os meses se embaralham, e os anos se atropelam com tanta velocidade que, num piscar de olhos, o Ano Novo cede lugar ao Reveillon e tudo começa outra vez. Quando encontramos um fio branco, ou percebemos uma marca de expressão mais acentuada em nossa face, é como se estivéssemos nos situando na linha do tempo. Temos que aproveitar essa pausa para refletir sobre o passado, o presente e o futuro, meditar sobre as nossas ações e conquistas e aprofundar a qualidade dos nossos relacionamentos.

Para não deixar de fora um antigo clichê... Que envelheçamos como bons vinhos, aperfeiçoados com o tempo! E que venham os fios brancos! Tonalizante neles! Quanto às rugas, espero que demorem mais, pelo menos até que eu perca meu medo de agulhas...

Este mês meu irmão mais velho faz 30 anos (em sua homenagem, resisti ao uso de parênteses até aqui). Já já eu chego lá...

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

A Champions Voltou!

Demorou, mas finalmente a Champions League voltou do recesso para nos presentear com a fase final da competição. No primeiro dia das oitavas de final, duas partidas que prometiam – Lyon x Real Madrid e Milan x Manchester United. Eu aproveitei a neve que caia lá fora para ficar em casa e assistir aos dois jogos de camarote.

Na França, o Real Madrid entrou em campo como se fossem os donos da casa. Apesar das vaias incessantes dos torcedores dos Gones, o Real dominou os primeiros 25 minutos da partida, jogando com velocidade, com direito a firulas de Cristiano Ronaldo, enquanto o Lyon parecia estudar o adversário. No entanto, foram os donos da casa que tiveram as melhores oportunidades. Aos 9 minutos, num contra-ataque, Govou recebe um lançamento nas costas do lateral Marcelo, e chuta a bola, que bate na rede pelo lado de fora. Aos 11 minutos, novamente Govou recebe livre, mas chuta por cima do gol. Aos 19, Lisandro Lopez parte em mais um contra-ataque desperdiçado. Um minuto depois é a vez do Real ameaçar. Kaká abre a jogada para Marcelo que chuta de primeira, mas o zagueiro do Lyon afasta. O Real continuava com a maior posse de bola, mas insistia em jogar somente pelo lado esquerdo e esbarrava na defesa do Lyon, que demonstrou disciplina tática e objetividade no decorrer da partida. A partir dos 30 minutos, os Gones perdem o medo dos galáticos e começam a tomar a iniciativa no jogo. Aos 36, já merecem o gol, e ele quase sai aos 40 no chute de bate-pronto de Delgado, que manda a bola na trave. O primeiro tempo termina 0 a 0.

Na volta do intervalo, mal deu tempo de retomar o meu lugar no sofá para ver o golaço de fora da área de Makoun, que abriu o placar para o Lyon com menos de três minutos. Acho que foi a primeira vez que ouvi o nome dele no jogo. Um minuto depois, o Real chegou perto do gol em jogada perigosa. Aos 8 minutos do segundo tempo, os gândulas desapareceram com as bolas na vez do Real cobrar o lateral. E eu que pensava que essas coisas só aconteciam no Brasil... O jogo seguiu lá e cá, o Real mantinha a posse de bola, mas era o Lyon que continuava a ter as melhores oportunidades e só não marcou o segundo gol por falta de sorte ou qualidade. Lisandro Lopez deveria ter marcado quando Casilla jogou a bola em seus pés, numa reposição mal feita. Cissokho também teve chance de ampliar a diferença numa grande jogada de Lisandro, mas chutou em cima do goleiro. O Real também teve algumas chances com Cristiano Ronaldo e com Sérgio Ramos, mas não chegou a ameaçar o Lyon de verdade. Kaká quase não apareceu. O jogo foi dinâmico e bom de se assistir, mas acho que Zidane, presente no estádio, não deve ter gostado de Lyon 1 x 0 Real.

Daqui a duas semanas as equipes voltam a se enfrentar no Santiago Bernabéu que será palco da final da competição em maio. O Real Madrid tem a missão de afastar o fantasma das oitavas de final para continuar na copa e tentar chegar à final para brigar pelo que seria seu décimo título da UEFA Champions League.

No San Siro, o Milan recebeu o Manchester United. Os dois times haviam se enfrentado na semi-final da edição 2006-07 da Champions League. Kaká em seu auge foi o carrasco dos diabos vermelhos e levou o Milan à conquista da taça naquele ano. Rooney estava naquela semi-final e não teve a graça de marcar contra o Milan no San Siro. Será que hoje seria diferente? Quando o jogo começou parecia que a história se repetiria. Aos 3 minutos de jogo, Ronaldinho Gaúcho, que voltou a jogar bola, marcou para o Milan. O Milan jogava fácil e aos 10 minutos já tinha tido outras duas chances claras de gol. O Manchester, por outro lado, demonstrava displicência e não conseguia ficar com a bola nos pés. O Milan estava perto de ampliar o placar quando Scholes empata o jogo num gol inacreditável. Cruzamento a meia altura dentro da área, Scholes fura com a perna direita e por chance a bola bate na sua canela esquerda e entra no canto direito de Dida. Incrível. Aos 40 minutos, outra boa jogada de Ronaldinho. Ele chuta, a bola quica na frente de Van der Sar, mas o goleiro não a deixa passar. O primeiro tempo termina mesmo 1 x 1.

Os visitantes voltam melhor para a segunda etapa. Aos 11 minutos, Rooney deixa a sua marca. Livre na área, o baixinho desvia o cruzamento de Valencia de cabeça e mata o goleiro Dida, que faz golpe de vista. A essa altura o jogo está aberto, a defesa do Milan desorganizada e o Manchester em cima, mas sem colocar muita pressão. Aos 29, mais uma vez Rooney penetra na área livre e marca fácil de cabeça. Na substituição, o veterano Seedorf entra no jogo. Em bela jogada de Ronaldinho pela esquerda, o holandês diminui para o Milan, aos 39. Aos 40, Inzaghi perde uma chance preciosa, em outra boa jogada de Ronaldinho. O Milan pressiona, precisa pelo menos do empate para tentar uma vitória simples no Old Trafford. Tenta com Ambrosini e com Tiago Silva, mas no apito do juíz, fraco, por sinal, é o United que fica com a vitória, completando 16 jogos de invencibilidade em partidas fora de casa pela Champions League, enquanto o Milan segue sem vencer dentro de casa nessa edição da copa. Milan 2 x 3 Manchester United.

Em duas semanas o Milan vai à Inglaterra com uma tarefa dificílima – derrotar o Manchester com uma diferença de dois gols, inverter o placar de hoje ao seu favor para levar a decisão para a prorrogação, ou marcar mais de três gols para tentar uma vitória simples. De qualquer forma, o Milan vai precisar de muitos gols... Tomara que Ronaldinho esteja inspirado.

Nesta quarta-feira, o mata a mata continua com mais dois jogos – Porto x Arsenal e Bayern x Fiorentina. Semana que vem tem Stuttgart x Barcelona, Olympiacos x Bordeaux, CSKA x Sevilla e Inter de Milão x Chelsea. Nos vemos então!