domingo, 28 de junho de 2009

O Fim do Amor

Eu não sei quando comecei a amar. Mentira. Já ia começar a escrever quando me lembrei daquele momento... O instante exato em que percebi que me apaixonara, que eu também era capaz. Quando a gente ama, a gente pensa que é pra sempre. Recordamos o momento com ternura e paixão. Mas nem sempre é pra sempre. E se não for pra sempre, será que era amor? Nem vou entrar nesse detalhe porque as opiniões são diversas e eu não sou nenhuma especialista. Meu conhecimento sobre o tema se resume às novelas mexicanas e à uma breve experiência dolorosa e necessária.

Quero falar, na verdade, sobre o momento em que a gente se dá conta de que acabou, de que não amamos mais. Não me refiro ao amor que é erodido pela convivência, quando as arestas não se aparam, e sim ao amor que sobrevive ao fim de um relacionamento. É difícil saber o que fazer com esse sentimento quando está vivo dentro do peito de um só. Alguns tentam transformá-lo em ódio, outros em amizade. Às vezes é mais fácil odiar a si mesmo e arranjar novos amigos, porque amizade com ex... não creio sê-la possível; não enquanto perdure o sentimento. Fingimos. É o que fazemos. Fingimos para que não nos tomem por ressentidos, rancorosos, rejeitados. Sorrimos quando queremos chorar. Elogiamos quando queremos xingar. Desejamos os mais “sinceros votos de felicidade” quando na verdade esperamos que sigam sofrendo por nós, infelizes e amargurados. Coração partido ou ego ferido? Difícil saber se sofremos pelo amor próprio ou pelo amor do outro.

Como sabemos que acabou? É disso que me proponho a falar. O processo é gradativo, claro. A imagem do fulano, ou da fulana, vai se apagando... Deixamos de vê-los em todos os lugares. O caminhão da UPS passa a ser só mais um veículo na avenida congestionada. Pensamos neles só quando lembramos que passamos o dia todo (ou uma hora que seja) sem pensá-los. As recordações tornam-se quase uma lembrança distante, destacam-se da realidade – um fruto da nossa imaginação. No meu caso, descobri que já não amava quando estava ouvindo uma música no rádio. Cantei sem dor, sem rancor. Não cantava mais pra ele. Não quisera fazer daquelas palavras minhas. Nem lembro o nome da música. As letras perderam o significado. Eu não amo mais. Não foi um dia tão feliz como aquele em que me descobri boba e apaixonada (talvez mais com a idéia do amor do que com o objeto deste), mas foi muito mais libertador. O universo se abriu. Tudo é possível outra vez.