sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Resposta a Gleide

Minha mãe me diz que todo dia entra aqui pra saber se tem algum post novo e nada... Acho que na falta de novos textos ela deve até ter decorado as poucas linhas contidas nessa página. Diz ela que as pessoas ficam perguntando “Quando é que Luciana vai escrever outra vez?” Propaganda ela tem feito, eu sei. (Gleide, a moça da farmácia... que falava do blog... era minha mãe. Tanto entusiasmo, haveria de ser uma mãe! E das mais corujas por sinal!) Pois é, tenho angariado fãs em filas de farmácia e em academias de letras. Agradeço o apoio e o incentivo. Também sou uma fã (gostei muito de Lunaris, Carlos.) (Lunaris. RIBEIRO, Carlos. EPP Publicidade/Banco Capital, 2007.)

Achei interessante o fato de Gleide ter ficado surpresa ao ler as crônicas sobre Chelsea e Liverpool. É... Talvez a Luciana do dia 28 de junho, a olho nu, não tenha muito a ver com a Luciana do dia 28 de abril. (Ai, meu Deus! Três textos e três fãs depois o “eu” virou “a Luciana”...) Você me perguntou por que escrever de futebol. Entendo sua surpresa. Futebol no Brasil é tabu entre as mulheres. As brasileiras, com suas raras exceções, odeiam futebol. É ele que as empurra para baixo na lista de prioridade dos seus maridos, namorados, ficantes e amantes; que faz o jantar esfriar na mesa, e a água na banheira. Galvão Bueno e cia são seus inimigos mortais. Basta que um vozeirão ecoe na sala para que uma cadeira fique vazia na sala de jantar. Eles correm tão rápido para a frente da televisão que o tempo que gastam para percorrer a distância entre uma poltrona e outra seria suficiente para qualificá-los para uma prova de atletismo nas olimpíadas ou quem sabe para quebrar um recorde mundial. E o gol, de quem foi? E o jogo, qual é? Kaká para o Brasil contra a França? Não... Gol de Testinha do Rio Branco contra o Guaratinguetá.

A verdade é que o futebol causa mais ciúme nas mulheres do que uma rival, afinal, 1 par de pernas não é páreo para 22... É ele o vilão dos casamentos e dos relacionamentos em geral. Na rival, pelo menos as mulheres encontram uma aliada contra seu arquinimigo declarado. Contra a tal, há armas. Pode-se lutar. Contra o futebol não. Afinal, a cada ano há mais campeonatos, copas, recopas. Não sobra noite na semana para as mulheres. Se segunda é o dia do baba, ou da pelada, terça é o dia da série B, quarta e quinta, dia de Brasileirão. Folga na sexta? Não... Tem série B de novo. ABC contra Duque de Caxias. Imperdível! Sábado uma nova rodada tem início e Domingo começa tudo outra vez... Sem falar nos incontáveis shows da rodada. Acaba um programa na Band, começa outro no Sportv.

Se não pode com o inimigo, junte-se a ele. Não é esse o ditado popular? Algumas bem que tentam... Sentam juntinho do maridão, até servem a cerveja e o amendoim. Aguentam 15 minutos. Começam a perguntar o que é impedimento... (se for loira, pergunta o que é pênalti). Outras fingem interesse pelas pernas cabeludas dos jogadores. Fingem sim. Primeiro porque os calções não são mais como nos anos 1970, eles cobrem as coxas dos jogadores, não dá pra ver nada! Segundo, alguém já reparou nas belezuras que jogam nos gramados brasileiros? Pois é... (se o futebol for Europeu, desculpa aceita). As mais espertas, como minha mãe, viram bruxa na hora do jogo. Se estiverem de bom humor, torcem a favor; se estiverem com a pá virada... Quantas vezes já vi o Vitória marcar quando minha mãe, entusiasmada, dizia “O Vitória vai fazer um gol, vocês vão ver!” E quantas outras vezes já vi o contrário... “Esse time vai perder... E vocês ficam ai perdendo o tempo de vocês...” E lá se iam 3 pontos...

Falei, falei e ainda não respondi a sua pergunta, Gleide. É mais fácil falar de futebol sim. É menos clichê. Mais leve. Mais divertido. O que é que eu posso dizer a respeito do amor que já não foi dito ou vivido? Mas não é por isso que escolhi falar de futebol. A verdade é que sou amante dos esportes e poucas coisas me emocionam tanto. Poucas coisas me causam arrepios ou trazem lágrimas aos meus olhos como cenas de conquistas e de superação dentro do esporte, qualquer que seja. Nem sei explicar. É algo que me motiva a superar os meus limites também, sejam eles físicos ou intelectuais. Essa paixão vem de dentro de mim e não depende de ninguém; não dá pra tirá-la de mim.