Hoje, estava penteando minhas madeixas quando, em meio a meus cachos negros, percebi um fio destoante – um cabelo branco. Não foi a primeira vez que tive essa ingrata surpresa. Já havia sofrido um episódio semelhante aos 19 anos, mas naquela idade tão tenra era fato isolado e despertou em mim mais surpresa e indignação do que preocupação. Dessa feita, a história foi diferente e a reação, apesar de menos histérica, veio da constatação de que a idade está chegando para mim também.
A gente tem mania de achar que só pai e mãe ficam velhos e rimos quando eles se desesperam cada vez que mudam de casa decimal. O engraçado é que, à medida que vamos crescendo, começamos a empurrar aquela linha do que julgamos ser “velho” para a frente. De repente, 40 não parece ser tão mal assim... Tudo bem... Eu sei que sou jovem e que tenho a vida toda pela frente, mas quando penso que na próxima Copa faço 30 dá aquele desconforto por dentro. Não sei se torço para que chegue logo 2014 ou para que os anos se arrastem até lá. Talvez seja hora de começar a mentir a idade. Afinal, se vão me acreditar, é melhor que eu comece cedo!
A vida é tão corrida, as semanas e os meses se embaralham, e os anos se atropelam com tanta velocidade que, num piscar de olhos, o Ano Novo cede lugar ao Reveillon e tudo começa outra vez. Quando encontramos um fio branco, ou percebemos uma marca de expressão mais acentuada em nossa face, é como se estivéssemos nos situando na linha do tempo. Temos que aproveitar essa pausa para refletir sobre o passado, o presente e o futuro, meditar sobre as nossas ações e conquistas e aprofundar a qualidade dos nossos relacionamentos.
Para não deixar de fora um antigo clichê... Que envelheçamos como bons vinhos, aperfeiçoados com o tempo! E que venham os fios brancos! Tonalizante neles! Quanto às rugas, espero que demorem mais, pelo menos até que eu perca meu medo de agulhas...
Este mês meu irmão mais velho faz 30 anos (em sua homenagem, resisti ao uso de parênteses até aqui). Já já eu chego lá...
Vitória X Democracia
Há 14 anos